domingo, 7 de março de 2010

Not Alone

"Eu já havia saído do bar, o céu já estava escuro, as horas haviam passado rápido demais para que eu pudesse perceber, e era assim toda sexta feira, era o único momento da minha vida em que eu tentava esquecer sua lembrança, tentativa devidamente frustrada... inútil... não havia uma só gota de álcool que eu derramava junto a minha saliva, que eu não pensava em seu lindo olhar. Olhei fixamente para o horizonte e o que me esperava era só uma praça vazia com um banco que nem ao menos dava pra enxergar. Sentei-me sobre ele, para não falar nada, não pensar nada e não fazer nada... Pra que fazer planos pra o amanhã ou gastar horas no telefone falando sobre assuntos inúteis com alguém? Isso não era pra mim, não mais, eu havia mudado tanto que as vezes nem reconhecia minha própria face, parecia outra pessoa, com lembranças que o vento trouxe para que eu não pudesse descansar em paz. Então que diabos eu faria de minha vida naquele exato momento? Nada... intensa e verdadeiramente nada. Eu apenas esperaria o tempo passar, olhando os ponteiros do relógio se moverem tão lentamente que minha vontade era de ir tomar mais um porre no bar... As putas já haviam entrado, e eu estava cansado de ter que explicar que não as comeria nem que me pagassem... Eu realmente havia mudado, por completo. Um cachorro veio em minha direção, se posicionando entre minhas pernas, deitara ali sem preocupação, e nenhum de meus leves chutes o fizera levantar... Mas que diabos aquele animal fora me incomodar justo naquele dia? Fora mandado do destino? Eu teria que levantar e andar até a outra rua para ser assaltado ou algo assim? E o que poderiam levar de mim além de coisas sem importância alguma? Eu havia começado a pensar, e essa era a maior tortura, eu tinha medo de esquecer qualquer mínimo detalhe de sua expressão, do seu sorriso, não poderia pensar em outra coisa se não nisso. Foi então que levantei e continuei andando por uma rua escura, olhei para o céu novamente, eu sabia que havia ficado louco, mas ainda assim era estranho... eu via seu rosto em todos os lugares... E eu só precisava de um sinal, mas nada... nada além de um bêbado frustrado andando numa rua escura. Meu grande amor... onde é que está você além de aqui dentro de mim? (...)"

Adriano Lima

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